
" O país, no dizer de todos, é rico, tem todos os minerais, todos os vegetais úteis, todas as condições de riqueza, mas vive na miséria. [...] É que a vida econômica da *Bruzundanga é toda artificial e falsa nas suas bases, vivendo de expedientes. Entretanto, o povo só acusa os políticos, isto é, os seus deputados, os seus ministros, o presidente, enfim. O povo tem em parte razão. Os seus políticos são o pessoal mais medíocre que há. Apegam-se a velharias, a cousas estranhas à terra que dirigem, para achar solução às dificuldades do governo. [...] Não há lá homem influente que não tenha, pelo menos, trinta parentes ocupando cargos no Estado; não há lá político influente que não se julgue com direito a deixar para seus filhos, netos, sobrinhos, primos, gordas pensões pagas pelo Tesouro da República. No entanto, a terra vive na pobreza; os latifúndios abandonados e indivisos; a população rural, que é a base de todas as nações, oprimida por chefões políticos, inúteis, incapazes de dirigir a cousa mais fácil desta vida. Vive sugada, esfomeada, maltrapilha, macilenta, amarela, para que na sua capital, algumas centenas de parvos, com títulos altissonantes disso ou daquilo, gozem vencimentos, subsídios, duplicados e triplicados, afora vencimentos que vem de outra qualquer origem, empregando um grande palavreado de quem vai fazer milagres” [...] A República dos Estados Unidos da *Bruzundanga tem o governo que merece”.
LIMA BARRETO, A. H. de. “A política e os políticos da Bruzundanga”. In: Os Bruzundangas. São Paulo, Brasiliense, 1956. pp. 65-68
* Pode-se trocar a palavra Bruzundanga, por Brasil.
Dá no mesmo, né?!